sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Abrindo o sonetário romântico
Descobri Ana Amélia, outra poetisa (poeta) mineira que radicou-se no Rio de Janeiro e de lá encantou o mundo da poesia, a exemplo do itabirano ilustre que tanto amo. Fazia tempo que não publicava nada;  estava, a exemplo do resto do mundo, preocupado com questões existenciais ligadas ao materialismo, se é que me entendem, e, sobre essa ótica míope, desculpem-me a redundância, é difícil ser romântico e dedicado, como sempre fui e sempre com certeza serei. Mas na pobreza de espírito ninguém vive eternamente; não, pessoas como nós, não conseguem viver de dísticos postados no twitter, expostos em papeletas fixadas à fronte, frases feitas, curtas e mensagens de rápida assimilação. Intimamente é necessário distender o homem humano dentro de nós e sua perspectiva humanitária e pensante, abrir mão dos fast foods das Redes Sociais, dizer não à visão adunca e ao maldoso olhar aquilino dos amantes do vil metal para, desculpem-me mais uma vez o deboche e trocadilho, que não nos transformemos em vis (débeis) mentais, andando pra lá e prá cá instintivamente. Deixando os neologismos pobres e ficando apenas com o "Sonetário", revelo ao mundo dos meus 4 seguidores que descobri essa poetisa e amei-a prontamente, acho que mais porque Mal de Amor pegou-me na jugular em uma sexta-feira de visita amorosa que mais se achega à minha forma anterior, essa descrita no início da postagem. Não serei o primeiro nem o último a sofrer com os malefícios e benefícios do amor. Aliás, tudo na vida existe, quando não por amor, por dinheiro, fortalecendo ainda mais a ideia do post. E aí, imerso no lamaçal em que jazia, descubro um blog, o Sonetário Brasileiro, e nele, superlativamente falando, milhares de sonetos de milhares de poetas da nossa amada Língua Pátria. E nele, a Ana Amélia Queirós. Seria ela uma portuguesa, parente próxima do Ecinha? Não, não era. Era brazuca mesmo. E nessa brasilidade cheia de amor descreve tudo que minha perturbada alma no momento sofre e quer jogar na cara do ser amado. E ainda por cima, tudo disposto em forma de soneto. Crau! Onomatopeias aparte, CRAU! Tava ali. Deus queira que a distinta não vasculhe o meu blog...
Falando sério agora, não existe nada mais lindo do que "qualquer coisa" amorosa. Digam qualquer coisa e, em seguida, uma palavra amorosa e essa "qualquer coisa" se transforma, em tudo que queremos dizer, fazer ser, comunicar. E paro por aqui, senão ficamos até a próxima visita dissertando sobre isso.
Bom, aí está, meus caros seguidores, a Aninha Amélia "sonetiando qualquer coisa", com todo o respeito, ela que nos deixou em 1971, mas deixou também entre outras maravilhas, esta, transcrita abaixo.
Até a próxima!

MAL DE AMOR
(Ana Amélia de Queirós)

Toda pena de amor, por mais que doa,
No próprio amor encontra recompensa.
As lágrimas que causa a indiferença,
Seca-as depressa uma palavra boa.

A mão que fere, o ferro que agrilhoa,
Obstáculos não são que amor não vença.
Amor transforma em luz a treva densa,
Por um sorriso amor tudo perdoa.

Ai de quem muito amar não sendo amado,
E depois de sofrer tanta amargura,
Pela mão que o feriu não for curado.

Noutra parte há de em vão buscar ventura.
Fica-lhe o coração despedaçado,
Que o mal de amor só nesse amor tem cura.